Caros Amajustianos,
Procurava palavras para me dirigir a vocês. Visitei uns três discursos que fiz em passado longínquo, quando em exercício na profissão. Não tinha intenção de plagiar a mim mesma, mas de verificar o que ainda temos em comum (a magistratura de anos atrás e a magistratura de hoje). Praticamente tudo mudou, tudo em relação à carreira, já que os interesses da magistratura da ativa nem sempre se coadunam com os interesses da magistratura jubilada. O que não mudou é a espinha dorsal que nos une: o senso de justiça.
Justiça como virtude. Justiça equitativa… São tantos enfoques que podemos dar à Justiça, que não preciso citá-los entre magistrados, mas, penso, todos eles envolvem uma relação com o Outro. Talvez esse seja um dos motivos de nos associarmos. Frase de efeito, mas verdadeira, é que “juntos, somos mais fortes”. E precisamos ser mais fortes neste momento tão delicado e conflituoso pelo qual o mundo está passando. Vivemos um momento histórico de difícil descrição, embora de fácil percepção. As pessoas mais idosas, não integradas à comunicação tecnológica, parecem-me as mais afetadas, pois acabam alijadas do meio social. Nossa Associação tem todo esse arcabouço em suas mãos: o senso de Justiça e pessoas que precisam dar as mãos para atravessar condignamente essa etapa da vida, que é a vida aposentada.
A Diretoria hoje eleita foi chapa de consenso durante a Assembleia, com a confiança depositada por todos os presentes. Acreditamos que todos anseiam pela manutenção de uma Associação tão seriamente fundada pelos predecessores. Acreditamos que todos anseiam pela dignidade dos magistrados aposentados. Acreditamos que todos anseiam pelo congraçamento entre amigos/familiares. Acreditamos que todos desejam a aplicação da Constituição Federal e das Leis da República em relação à carreira. Acreditamos, acreditamos e ousamos acreditar que a jubilação deve ser prêmio a quem dedicou tantos anos à magistratura.
Essas são apenas palavras que inicio. Logo teremos reunião da Diretoria para as linhas mestras do mandato. Toda ajuda será bem-vinda.
Sinto-me extremamente honrada com esse novo mister e procurarei honrá-lo todos os dias.
Agradeço a todos na pessoa do colega Gezio, pela confiança depositada nessa nova Diretoria, e agradeço, enormemente, ao colega Câmara pelo apoio em sua administração e pelo tempo que dedicou aos seus amigos de caminhada.
Agradeço a Deus, a quem sempre rendo minhas honras e a quem dedicarei as palavras que sairão de meu coração ao me deitar nesta noite e em todas as que se seguirão neste mandato. Que Ele nos ilumine e nos abençoe.
A primeira estrofe de um poema de Cecília Meirelles diz assim:
De que são feitos os dias?
De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Lembra-me a fala de um professor de Cosmologia, na Faculdade de Filosofia. Tratando de uma obra de Santo Agostinho (“Sobre a Vida Feliz”) e sobre projetos de vida, disse ele que, todos, um dia, viveríamos das coisas que construímos.
Verdade! Precisamos ter bons desejos, sentirmos demoradamente as saudades do que construímos e termos boas lembranças, para contarmos muitos e muitos “causos”.
Dalma Diamante Gouveia
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